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Azul da cor do mar (ou quase)

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Vista do Loft de Praia de Roberto Migotto, tendo ao fundo jardim assinado por Luiz Carlos Orsini.
Foto: ZECA WITTNER/ESTADÃO

 

 

Para não poucos críticos, muito do que se convencionou chamar minimalismo em arte não teria sequer existido se, aos 19 anos, o jovem pintor Yves Klein não tivesse se mudado para uma praia no sul da França, onde assinou o céu. Simbolicamente, elegendo o espaço aberto como o habitat ideal para sua arte. E fazendo da cor azul seu passaporte para a viagem.

Celebrizada, a ponto de vir a ser conhecida como International Klein Blue, a tonalidade de azul de seus óleos, desenvolvida pelo artista para manter a “autenticidade da ideia pura”, lembra a do lápis-lazúli. Ao longo da história, já coloriu as roupas da Madonna das pinturas medievais, as tampas das canetas Bic e, agora, o Loft de Praia, de Roberto Migotto, para a Todeschini.

Um “open space”, descontraído e amplo, onde áreas interna e externa somam 500 m² e, por onde quer que se olhe, o azul reina absoluto. Como nas telas de Klein: do pergolado que abraça o jardim ao piso de resina de alto brilho, que destaca móveis e acessórios. Do hall revestido com ladrilhos hidráulicos ao Karmann Ghia, modelo 68, estacionado na entrada.

“O carro foi essencial ao conjunto. Ele traduz com perfeição a atmosfera fresh e cool que procurei imprimir a esse trabalho”, afirma o arquiteto, responsável, seguramente, por um dos melhores momentos da mostra deste ano. Uma delicada composição, onde rigor geométrico e elementos naturais convivem em rara harmonia. Assim como o artesanato de diversas latitudes e o melhor do design contemporâneo.

Sem delimitar fronteiras, um espaço que viaja de dentro para fora, do quarto ao banho, dos clássicos dos anos 50 aos últimos lançamentos de Milão, com o mesmo frescor de quem acaba de desembarcar de um cruzeiro de verão. Bendita a hora em que Klein resolveu viver à beira mar e mergulhar de vez no azul profundo. De seu loft praiano, Migotto agradece. /MARCELO LIMA

 

 [galeria id=6738]


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